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Coletiva Nacional do 28º Grito

Atualizado: 2 de set. de 2022

“BRASIL: 200 anos de (In)dependência. Para quem? ”


Todos estes gritos ressoam pelos quatro cantos do país porque nascem da vontade coletiva de reescrever a história do Brasil.


Aconteceu no dia 01/09 (quinta-feira) de setembro de 2022, às 10h, de forma remota, a Coletiva Nacional de Imprensa do 28º Grito dos Excluídos e Excluídas. Este evento foi transmitido pelo Facebook e pelo Youtube do Grito dos Excluídos e Excluídas e entidades parceiras.


Neste ano o Brasil comemora seus 200 anos de Independência e desde o primeiro encontro dos articuladores do Grito dos Excluídos e Excluídas, realizado no mês de abril, assim como todo processo de preparação para o Grito do dia 7 de setembro, tem como objetivo oferecer a sociedade reflexões e ações concretas sobre o real significado histórico desta Independência e, principalmente, ser a voz e a vez dos setores excluídos da sociedade que lutam por um país democrático. Todos estes gritos ressoam pelos quatro cantos do país porque nascem da vontade coletiva de reescrever a história do Brasil. Por isso, se questiona: (In)dependência para quem?


A mediação desta Coletiva ficou a cargo de Alessandra Miranda, representante da Secretaria Executiva da 6ª Semana Social Brasileira e integrante da Coordenação Nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas.


Entre os convidados participaram Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo da Diocese de Brejo – MA e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sócio Transformadora da CNBB; MÁRCIA MURA, Indígena do Povo Mura - Baixo Madeira/RO, Arte educadora, escritora e pesquisadora do Núcleo de Estudos em História Oral e grupo Wayrakuna formado por indígenas Mulheres; ÂNGELA GUIMARÃES, Presidenta Nacional da União de Negras e Negros pela Igualdade – UNEGRO; Membro da Frente Nacional Antirracista, Convergência Negra e Coalizão Negra por Direitos. A Coletiva contou também com o auxílio da intérprete de Libras Francis Rosa, integrante da Pastoral da Juventude do Meio Popular, Curitiba –PR.


Unir forças para construir uma sociedade democrática e fraterna


Dom Valdeci trouxe como reflexão a importância do momento histórico que estamos vivenciando em nosso país: os povos negros, nas comunidades quilombolas, nas periferias, que ao longo desta história foram sempre deixados de lado; os povos indígenas, com seus territórios ameaçados, com garimpos ilegais e os venenos lançados nas aldeias; a ausência de políticas públicas que não chegam às periferias urbanas, às comunidades rurais e tradicionais; as violações de direitos e a constante ameaça à democracia. Para o bispo, questionar a Independência é convocar todas as minorias de nosso país para um forte grito diante da situação enfrentada. “Tudo isso nos faz refletir que estes exatamente 200 anos de (In)dependência é para quem?”.


Sob um olhar esperançoso, também salientou que o Grito dos Excluídos e Excluídas se apresenta como uma constante retomada das lutas e dos compromissos com a justiça e o direito. Unir as forças para a construção de uma sociedade que resiste, capaz de ser democrática e fraterna. “O Grito nos leva a um compromisso com a vida humana e com a casa comum, isto é, com toda a criação”, afirmou o bispo ao convocar todos a juntarem as vozes para dizer que a vida deve estar em primeiro lugar.


Aliança dos povos pela vida em abundância


Nesta coletiva se destacou também a luta pela dignidade dos povos indígenas. Márcia Mura deixou claro que todos os esforços são para que os povos indígenas continuem livres e independentes, assim como sempre foram antes da chegada das caravelas. “Nós, povos indígenas, somos resistência há 520 anos e este grito de independência é um grito que ecoa em nossas lutas, em nossas existências”. Enfatizou também que o Grito dos Excluídos e Excluídas torna-se aliança entre a luta dos povos da floresta, do povo negro e de toda população excluída. É uma aliança entre povos pela vida em abundância e que foi tirada pelos colonizadores.


Márcia também denunciou que estes colonizadores foram transformando as aldeias indígenas e o planeta Terra num lugar de exploração e morte. Por isso, a luta é comum e deve ser de todos e todas pelo direito a vida.


O nosso lado é onde se reúnem os setores das lideranças populares


As lutas por liberdade e independência diante de tantas violações dos direitos foram enfatizadas na fala de Ângela Guimarães. “A luta por condições dignas de vida para o nosso povo nos atravessa diante destes 520 anos do Brasil. A nossa luta por igualde e respeito as populações negras, indígenas, as populações mais vulnerabilizadas também é uma tarefa que ainda não se completou”. Deste modo, afirma Ângela, o Grito nos convoca a refletir sobre a raiz das nossas desigualdades, como também, a realizarmos de forma consciente e comprometida as eleições deste ano.


Guimarães afirma que não se trata de uma situação polarizada, de uma escolha, pois, temos de um lado um projeto excludente, ultraliberal, neofacista, misógino e que tem empobrecido o povo brasileiro, que usa da violência política como instrumento de gestão e enfraquecimento das lideranças populares. O nosso lado, o nosso lugar na história, é onde se reúnem os setores populares e democráticos, que implemente uma política nacional de trabalho e geração de renda com dignidade, que construa moradias para evitar esta política de despejos e que acabe com a fome em nosso país. Ângela encerra sua fala dizendo que é possível superar esta agenda ultraliberal e neofacista que tem matado o nosso país desde 2016”.


Hidrelétricas causam danos imensos nas aldeias indígenas


Após as falas dos convidados foi aberto a coletiva para que os participantes elaborassem suas perguntas pelo chat no Youtube ou pelos comentários no Facebook. Dentre elas, destacam-se duas respostas-denúncia de Márcia Mura. A primeira é que durante a pandemia os povos indígenas enfrentaram uma política extremante genocida onde foi negado o atendimento específico e diferenciado, tanto nas aldeias como nas cidades. O número de indígenas mortos só não foi maior porque eles se organizaram, mas sabem que muitos dos indígenas que morreram pela Covid-19 não foram contabilizados nas cidades.


A segunda denúncia tem a ver com a construção de mais duas hidrelétricas. Já existem hidrelétricas no rio Madeira, a de Santo Antônio, e a de Jirau, além disso, existe outra hidrelétrica construída nos anos 70 no rio Jamari. Estas três hidrelétricas já causaram danos imensos nas aldeias. Hoje os rios estão barrados e não têm mais o seu ritmo próprio e isto afeta drasticamente toda a temporalidade das aldeias indígenas do Baixo Madeira – RO. Agora, as aldeias indígenas estão enfrentando a construção de mais duas hidrelétricas: a Binacional Rio Madeira (entre Brasil e Bolívia) e a hidrelétrica de Tabajara no rio Machado. A destruição já está se alastrando, existem especulações imobiliárias, populações tradicionais expulsas e a ocupações de latifundiários que desmatam tudo.


Participe do Grito!


Por fim, Alessandra agradeceu pela participação de todos profissionais de comunicação. Motivou a todos e todas que acompanharam a Coletiva de Imprensa pelas redes sociais a participarem das mobilizações do 28º Grito nas suas cidades e a enviarem os seus registros com fotos e vídeos para a Articulação Nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas de 2022.


Por: Frei Zeca – Poconé/MT


Assista na íntegra:






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