
20 Março 2020
"É fácil constatar que tanto a nova pandemia quanto a irresponsabilidade crônica de nosso supremo mandatário, se cruzam e se entrelaçam de forma recíproca, resultando no aumento dos males em âmbito social, político e econômico", escreve pe. Alfredo J. Gonçalves, cs, vice-presidente do SPM.
Eis o artigo.
Difícil saber o que mais assusta a população brasileira que hoje ainda preserva um mínimo de bom senso: se o COVID-19 que, com a foice na mão, vai semeando medo e ceifando vidas por todos os países do planeta?!... Se a crise e os estragos previsíveis que esse novo coronavírus vem provocando e provocarão, em nível global, nas relações sociais, políticas e econômicas?!... Ou se o comportamento bizarro e egocêntrico do presidente Bolsonaro que, na contramão das orientações da OMS, dos especialistas em infectologia e de seu próprio governo, faz questão de chamar a atenção sobre si mesmo.
A pergunta não é ociosa: são três vírus ou um vírus de três cabeças? Primeiro, temos o vírus COVID-19, devidamente coroado mas ameaçador, como aparece nas imagens microscópicas; depois, vem o vírus da crise socioeconômica que, com as medidas para evitar ou minimizar a contaminação, em especial o isolamento social e a quarentena, escancara a debilidade da economia capitalista mundializada; por fim, o vírus de uma atitude desdenhosa e debochada por parte de quem, no combate ao inimigo invisível, deveria estar à frente do comando e, em lugar disso, fala de histeria, procurando criar, cultivar e incentivar, direta ou indiretamente, uma inimizade visível contra os poderes democráticos instituídos.
Três vírus que se fundem em um só: o vírus de um modo de produção neoliberal que, movido pelo lucro e a acumulação de capital, extrai e explora até a última gota de seiva, de suor e de sangue tanto os bens que a natureza nos proporciona, quanto a mão-de-obra humana. De um lado, o meio ambiente devastado se rebela e passa a produzir esses pequenos monstros, ao mesmo tempo invisíveis e letais; de outro lado, o ataque dos vírus se revela aterrador porque encontra as populações cada vez mais indefesas e debilitadas. Ironicamente, a história de tais ataques segue quase pari passu a trajetória do progresso.
Basta olhar para os séculos mais recentes: a peste negra no final da era medieval (séculos XIV e XV), quando as rotas do capitalismo mercantil floresciam entre os países do Oriente os reinos da Europa, preparando o terreno para os progresso técnico; a gripe espanhola, logo após a Primeira Guerra Mundial, quando as nações poderosas e imperialistas disputavam as fatias mais rendosas das colônias para levar adiante os avanços gigantescos da Revolução Industrial; entre uma e outra, porém, com frequência esquecemos a dizimação dos povos indígenas e africanos entre os séculos XVI e XIX, na tentativa de consolidar metrópoles e nações do velho continente, bem como o modelo do capitalismo imperialista. Se as espadas, o tráfico negreiro e os trabalhos forçados deixaram milhares de mortos, outro tanto ocorreu com as doenças para as quais esses povos não possuíam qualquer resistência imunológica.
Alguém pode concluir que o melhor seja abolir a ciência, a técnica e o progresso. Evidente que não se trata disso. Trata-se de saber com que fins usamos as ferramentas que fabricamos. Ou seja, quem decide o que produzir, como produzir e para quem produzir? Quem estabelece as prioridades da tecnologia de ponta? O humor do mercado? O poder cego do lucro? Ou, através de canais, instrumentos e mecanismos democráticos, a população com suas necessidades primordiais e seus representantes?!...
Retornando ao cotidiano brasileiro, é fácil constatar que tanto a nova pandemia quanto a irresponsabilidade crônica de nosso supremo mandatário, se cruzam e se entrelaçam de forma recíproca, resultando no aumento dos males em âmbito social, político e econômico. Vê-se claramente que a instabilidade no que se refere ao comportamento de Bolsonaro – decisões que logo são desmentrês-vírus-ou-um-vírus-de-três-cabeçastidas, orientações desrespeitadas, desautorização dos próprios ministros – tem uma proporção direta com a instabilidade na área dos investimentos de infraestrutura, na área das reformas que dormem sobre a mesa do presidente, para não falar da desconfiança do setor privado em investir num terreno tão movediço e escorregadio.
Kaiser OTC benefits provide members with discounts on over-the-counter medications, vitamins, and health essentials, promoting better health management and cost-effective wellness solutions.
Obituaries near me help you find recent death notices, providing information about funeral services, memorials, and tributes for loved ones in your area.
is traveluro legit? Many users have had mixed experiences with the platform, so it's important to read reviews and verify deals before booking.