Bolsa Juiz x Bolsa Família: uma comparação que desnuda os dois Brasis
"Neste artigo, um quadro que apresenta a comparação definitiva entre os programas do Bolsa Juiz (auxílio moradia + auxílio alimentação) e do Bolsa Família . Um retrato do comportamento das elites e do comportamento do povo; um exemplo concreto do tratamento que os ricos dispensam aos pobres no Brasil", escreve Mauro Lopes , editor do blog Caminho pra Casa, publicado por Outras Palavras , 05-02-2018. Eis o artigo. A diarista Selma Patrícia da Silva , de 42 anos, já foi beneficiária de programas de transferência de renda do governo, mas voluntariamente abriu mão depois que melhorou de vida. Selma diz ter recebido dinheiro do Auxílio Gás , do Bolsa Escola e do Bolsa Família na época em que ela e o marido faziam bicos como doméstica e pedreiro para sustentar os cinco filhos. Após construir a casa onde vive, em Formosa (GO) , a diarista decidiu devolver o cartão, em 2013. “Pensei assim: da mesma forma que serviu para os meus filhos, vai ajudar outras pessoas. Acho muita covardia a pessoa não necessitar e ficar recebendo”, relembra Selma . O juiz Marcelo Bretas tomou um caminho oposto ao de Selma . Ele tornou-se uma “celebridade” há cerca de um ano por suas sentenças duríssimas na Lava Jato , pelas citações bíblicas nas mesmas sentenças, pelo gosto pelas redes sociais e por se apresentar como paladino da moralidade. No entanto, apesar de ele a e mulher, Simone Bretas , também juíza, receberem mais de R$ 60 mil reais mensais, foram à Justiça para “exigir o direito” de ambos receberem o auxílio moradia no valor de R$ 8.754,00 mensais, apesar de morarem terem apartamento próprio no Rio de Janeiro, onde moram. Bretas defendeu seu “direito” e o da mulher à mamata num tuíte (veja foto abaixo), apesar de resolução do Conselho Nacional de Justiça haver regulamentado o assunto em 2014 e vetado o auxílio moradia para juízes que têm residência na cidade onde trabalham. Não só brigaram para receber como ainda entraram numa queda de braço com Bradesco para reajustar o aluguel de um de seus imóveis próprios no Rio de R$ 10.685,80 para R$ 20 mil. Isso e ainda contar os R$ 907,00 que o casal juiz/juíza recebem como auxílio alimentação – o que cada um se apossa só em auxílio alimentação já é bem superior ao teto do benefício do Bolsa Família . Somados, os dois benefícios compõem o Bolsa Juiz do casal: R$ 9.661,00 mensais.São duas maneiras de enxergar o Brasil , a relação com as pessoas e o Estado. Selma entendeu que os recursos do Estado são finitos e que o benefício que ela abriu mão de receber pode ajudar outra pessoas em condição pior que a dela –não por ter ficado rica, apenas por ter ficado menos pobre. Bretas e sua mulher são insaciáveis. Esfolam o Estado como os demais ricos do país. Para eles, os recursos públicos são um espólio de guerra –da guerra contra pobres- sobre o qual avançam com um apetite sem fim. O casal Bretas arranca mensalmente pelo menos R$ 80 mil do Estado direta ou indiretamente. Mas não basta –nunca basta. (Foto: Outras palavras) O caso de Selma e do casal Bretas é um exemplo do abismo que separa ricos e os pobres no Brasil –e o dinheiro sequer é a maior distância entre eles. A elite brasileira não faz a menor ideia do que significam solidariedade ou compaixão, substantivos muito concretos no cotidiano duro dos mais pobres, que tecem frágeis redes de apoio entre si. Bretas , Moro , os três desembargadores do TRF4 que condenaram Lula em 24 de janeiro com frases tonitruantes em seus votos, todos eles têm imóveis de alto valor nas cidades em que moram e trabalham –e todos recebem o Bolsa Juiz . Os exemplos não param: um desembargador de São Paulo, José Antonio de Paula Santos Neto , do Tribunal de Justiça, tem 60 imóveis registrados em seu nome na Prefeitura da cidade –mesmo assim açambarca mensalmente o Bolsa Juiz (auxílio moradia + auxílio alimentação).O abismo entre a elite do país e os milhões e milhões de pobres tem o tamanho da distância que separa o Bolsa Juiz do Bolsa Família . Tudo o que neste artigo está exemplificado nos casos de Selma , do casal Bretas , de Moro , dos desembargadores do TRF4 e do desembargador dos 60 imóveis é a personificação dos programas Bolsa Juiz e Bolsa Família. (Foto: Outras palavras) Veja o quadro abaixo e constate as diferenças brutais entre um e outro. Por trás do Bolsa Juiz está a defesa dos empréstimos subsidiados que os empresários colhem nos bancos públicos, o dinheiro sem conta que deixam de recolher porque impõem uma estrutura tributária que massacra os pobres enquanto isenta-os de todos os lados, os trilhões de dinheiro do povo dos quais apoderam-se há anos, recebendo os juros da dívida pública. Olhando o Bolsa Família é possível sentir o sofrimento, a vida dura, a pobreza do povo brasileiro –mas, igualmente, sua dignidade. Veja o quadro/tabela –nele, um resumo dos dois Brasis que convivem e guerreiam no cotidiano do Brasil : (Foto: Outras palavras) FONTE: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/575872-bolsa-juiz-x-bolsa-familia-uma-comparacao-que-desnuda-os-dois-brasis
