Um grito histórico
Um grito dos excluídos
Excluídos do sistema
Que por quase 200 anos
prega uma
Falsa independência
Independentes de quê?
Independentes de quem?
Se nem mesmo o direito à terra
Muitos não têm
A independência
É a utopia
Que desejamos alcançar
Por isso estamos juntes
E não paramos de lutar
Poeta Nascimento-Petrolina/PE
Poeta.nascimento_oficial / Instagram
O Grito dos Excluídos e Excluídas, mais uma vez, ecoou em todo o Brasil, nos mais longínquos rincões, nas comunidades, nas pequenas e grandes cidades, nas capitais, por “Vida em Primeiro lugar! ”. Com atos, caminhadas, bicicleatas, celebrações, vigílias, novenas, apresentações culturais, coleta e distribuição de alimentos e marmitas, atos políticos junto com a Campanha Fora Bolsonaro, lives, programas de rádio e televisão – nos 26 Estados e DF.
A riqueza das imagens produzidas – fotos, vídeos, cards, textos – expressam a força do Grito que nesses 27 anos mudou a cara militarizada do 7 de Setembro e da Semana da Pátria. Chamou o povo para descer das arquibancadas dos desfiles cívicos e militares e participar, ativamente, na luta por seus direitos, nas ruas e praças, nos centros e nas periferias de todo o Brasil.
Para ecoar seus gritos de denúncia e de anúncio de um projeto de país mais justo e igualitário, “Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já! ”.
A Coordenação Nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas, que integra 24 organizações, quer agradecer e abraçar a cada um e a cada uma dos/as articuladores/as, movimentos sociais e populares, pastorais sociais, igrejas, sindicatos, partidos políticos, militância em geral que construíram esse grande processo coletivo em seus locais.
Mas, sabemos que a nossa luta não se encerra no dia 7 de Setembro. Estamos vivendo um momento de crises – social, ambiental, sanitária, humanitária, política e econômica - sobretudo causadas pela ação nefasta de um governo genocida, negacionista e promotor do caos que visa principalmente destruir, de qualquer forma, a democracia e a soberania do nosso país. Que desmonta direitos dos/as trabalhadores/as do campo e da cidade e das políticas públicas, que dissemina o ódio, a violência, o preconceito contra mulheres, LGBTQIA+, negros, indígenas e pobres.
Diante dessa realidade e diante de toda forma de opressão e injustiças, o Grito se faz necessário e permanente como denúncia, anúncio e animação rumo ao projeto de país que queremos. E remete aos três “T” que o Papa Francisco destacou no primeiro encontro com os movimentos populares: Terra, Teto e Trabalho. Assim como aos debates da 6ª Semana Social Brasileira, com a temática “Mutirão pela vida, por terra, teto e trabalho”. Sem chão nem pão – para camponeses, indígenas, negros, migrantes, mulheres e trabalhadores em geral – é impossível garantir a dignidade básica, viga mestra da Doutrina Social da Igreja.
Não deixemos que o sistema nos tire a esperança. Um povo sem esperança não tem resistência e não luta para mudar.
Na unidade, vamos continuar construindo e lutando por um país verdadeiramente independente - sem genocídio da população pobre, negra e indígena, população de rua - com justiça social e oportunidades para que o nosso povo volte a sonhar e ter orgulho de ser brasileiro.
COORDENAÇÃO NACIONAL DO GRITO DOS EXCLUÍDOS E EXCLUÍDAS
08/09/2021
https://www.diariopopulardesp.com.br/colunistas/post/grito-dosas-excluidosas-neutralizando-a-voz-dos-que-sofrem/864/